Qual a Diferença entre Inventário de Carbono e Pegada de Carbono?
A diferença entre Inventário e Pegada de Carbono, por onde começar?

A diferença principal entre Inventário de Carbono e Pegada de Carbono está no escopo e finalidade de cada um:
Inventário de Carbono:
- Definição: O inventário de carbono é uma quantificação detalhada das emissões de gases de efeito estufa (GEE) de uma organização, empresa ou atividade. Ele mapeia e classifica as fontes dessas emissões de forma ampla, considerando todos os setores ou processos que possam contribuir para a liberação desses gases.
- Objetivo: O objetivo principal de um inventário de carbono é medir e registrar de forma abrangente todas as emissões de GEE, para depois desenvolver estratégias de mitigação. Ele pode ser usado por organizações para entender e gerenciar suas emissões de forma contínua e estratégica.
- Escopo: Inclui todas as fontes de emissões, como uso de energia, transporte, resíduos, processos industriais, etc.
Pegada de Carbono:
- Definição: A pegada de carbono é uma mensuração das emissões de carbono associadas a um produto, serviço, evento ou indivíduo. É uma forma de entender a contribuição de uma determinada ação ou item para a emissão de gases de efeito estufa, geralmente expressa em toneladas de CO2 equivalente.
- Objetivo: O objetivo é quantificar o impacto ambiental de uma atividade específica, produto ou pessoa. Pode ser usado, por exemplo, para calcular o impacto de uma empresa, evento, ou até mesmo da vida cotidiana de um indivíduo.
- Escopo: A pegada de carbono tende a ser mais específica e focada em produtos ou ações pontuais, como o impacto de uma viagem de avião, o ciclo de vida de um produto ou a rotina de consumo de uma pessoa.
Resumindo:
- O Inventário de Carbono é mais amplo, visando medir as emissões de uma organização ou processo em sua totalidade.
- A Pegada de Carbono é uma medida mais específica, que calcula as emissões associadas a um produto ou atividade específica.
Ambos são importantes para a gestão e redução das emissões de gases de efeito estufa, mas o inventário tem um foco mais organizacional e a pegada é mais direcionada a ações ou produtos específicos.
Para uma empresa começar a gerir suas emissões de carbono, o primeiro passo é estruturar um Inventário de Carbono. Aqui está um passo a passo para iniciar esse processo:
1. Definir Objetivos e Compromissos
- A empresa quer reduzir emissões, atender a regulamentações ou obter certificações ambientais?
- Há metas específicas, como a neutralização de carbono ou melhoria da reputação sustentável?
2. Definir o Escopo e os Limites do Inventário
- Escopo 1: Emissões diretas (combustíveis queimados pela frota da empresa, caldeiras, processos industriais).
- Escopo 2: Emissões indiretas da energia comprada (eletricidade, vapor, aquecimento).
- Escopo 3: Outras emissões indiretas (cadeia de suprimentos, deslocamento de funcionários, descarte de produtos).
- A escolha dos escopos dependerá do setor da empresa e da profundidade desejada na análise.
3. Coletar Dados e Medir Emissões
- Levantar informações sobre consumo de combustíveis, eletricidade, transporte, resíduos, matérias-primas etc.
- Utilizar metodologias reconhecidas, como o GHG Protocol, ISO 14064 ou IPCC Guidelines.
4. Calcular as Emissões de Carbono
- Converter os dados coletados em toneladas de CO₂ equivalente (tCO₂e) usando fatores de emissão específicos.
- Utilizar ferramentas como calculadoras de carbono ou contratar consultorias especializadas.
5. Elaborar um Relatório e Definir Estratégias
- Criar um relatório estruturado com os resultados do inventário.
- Identificar áreas prioritárias para redução de emissões (como eficiência energética, mudanças na cadeia de suprimentos ou compensação de carbono).
6. Implementar Ações para Redução de Emissões
- Melhorar eficiência energética e buscar fontes de energia renováveis.
- Reduzir desperdícios e otimizar processos logísticos.
- Incentivar fornecedores e funcionários a adotar práticas sustentáveis.
7. Monitorar, Revisar e Melhorar Continuamente
- Atualizar o inventário anualmente.
- Estabelecer metas de redução e acompanhar o desempenho.
- Comunicar os resultados para stakeholders e consumidores, aumentando a transparência e credibilidade da empresa.
Por que as empresas deveriam fazer seu inventário de carbono o mais breve possível
Atualmente, a gestão de emissões de carbono não é apenas uma escolha estratégica, mas uma necessidade para empresas que desejam permanecer competitivas no mercado global. Além dos benefícios ambientais e reputacionais, há motivos regulatórios e exigências do mercado europeu que tornam essencial a realização do Inventário de Carbono.
1. Regulamentações e Legislação
Nos últimos anos, governos ao redor do mundo vêm endurecendo a legislação ambiental, exigindo que empresas monitorem, reportem e reduzam suas emissões de carbono. Algumas das principais normas e regulamentações incluem:
1.1. GHG Protocol e ISO 14064
- O GHG Protocol (Greenhouse Gas Protocol) é o padrão global mais adotado para a contabilização e reporte de emissões de gases de efeito estufa (GEE).
- A norma ISO 14064 também estabelece diretrizes para quantificação e verificação de emissões, sendo amplamente utilizada para certificações ambientais.
1.2. Política Nacional de Mudanças Climáticas (PNMC) - Brasil
- No Brasil, o Decreto nº 11.075/2022 instituiu o mercado regulado de carbono, exigindo que setores econômicos de alto impacto realizem inventários de emissões e implementem planos de mitigação.
- Empresas que não se adequarem podem enfrentar restrições futuras em financiamentos e exportações.
1.3. SEC Climate Disclosure Rules – EUA
- A Securities and Exchange Commission (SEC) dos EUA propôs regulamentações que exigem que empresas listadas na bolsa reportem suas emissões de carbono e riscos climáticos em seus balanços financeiros.
- Isso pressiona não apenas empresas americanas, mas também fornecedores globais que operam nos EUA.
2. Regras do Mercado Europeu: CBAM e CSRD
O mercado europeu está entre os mais rigorosos em relação às emissões de carbono. Empresas que desejam exportar para a União Europeia (UE) precisam urgentemente adotar práticas de monitoramento de emissões.
2.1. CBAM – Mecanismo de Ajuste de Carbono na Fronteira
- O Carbon Border Adjustment Mechanism (CBAM), em vigor desde 2023, impõe taxas para produtos importados pela UE com alto impacto de carbono.
- Inicialmente, setores como aço, cimento, alumínio, fertilizantes e eletricidade devem reportar suas emissões, e a partir de 2026, começarão a pagar taxas sobre essas emissões.
- Empresas brasileiras e de outros países que exportam para a Europa precisam calcular suas emissões e garantir que estão em conformidade, ou enfrentarão barreiras comerciais.
2.2. CSRD – Diretiva de Relatórios de Sustentabilidade Corporativa
- A Corporate Sustainability Reporting Directive (CSRD) exige que mais de 50 mil empresas que operam na UE realizem inventários de carbono e divulguem informações sobre sustentabilidade.
- Isso inclui não apenas empresas europeias, mas também multinacionais que tenham operações ou relações comerciais com o bloco.
3. Exigências do Mercado e Competitividade
3.1. Pressão de Investidores e Instituições Financeiras
- Grandes fundos de investimento e bancos estão exigindo transparência ambiental antes de financiar empresas.
- Organizações que não possuem um inventário de carbono estruturado podem perder acesso a créditos verdes ou financiamento sustentável.
3.2. Preferência do Consumidor e Reputação
- Consumidores europeus e globais estão cada vez mais exigentes em relação à sustentabilidade. Empresas que não demonstram compromisso com a redução de emissões podem perder espaço para concorrentes mais sustentáveis.
- Grandes varejistas e marketplaces, como Amazon e Carrefour, já exigem relatórios ambientais de fornecedores.
3.3. Cadeias de Suprimentos Sustentáveis
- Empresas multinacionais estão pressionando seus fornecedores a medir e reduzir emissões de carbono. Quem não se adequar pode perder contratos e parcerias comerciais.
Fazer o Inventário de Carbono hoje não é apenas uma ação voluntária para melhorar a imagem da empresa, mas uma necessidade para atender a regulamentações, evitar barreiras comerciais e manter a competitividade global.
Empresas que não se adaptarem podem enfrentar perdas financeiras, restrições comerciais e dificuldades no acesso a crédito e investimentos. Por outro lado, as que adotarem práticas de monitoramento e redução de emissões estarão à frente da concorrência, conquistando mais oportunidades de mercado e fortalecimento de marca.
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